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Trekking na Pedra do Sino - Julho 2008

Teresópolis - Rio de Janeiro


Sexta-Feira

Saimos do Rio de Janeiro às 6 h com tempo bom e sem ameaça de chuva, rumo a Teresópolis onde fica a sede alta do Parque Nacional da Serra dos Órgãos. (seguimos pela BR 116 - Norte).
O trecho até Guapimirim (Parada Modelo) vai bem, em pista dupla e asfalto liso. A partir daí, justamente no início da serra, a pista passa a ser de mão dupla e o asfalto é substituido por placas de concreto. Torça para não encontrar na sua frente um caminhão ou ônibus lento, pois a ultrapassagem é muito perigosa.
Passamos pelo portal de entrada de Teresópolis e em pouco mais de 1,5 km a esquerda esta a entrada do parque.

Chegamos lá às 7:20 h e aguardamos até as 8:40 h quando chegou a funcionária responsável pela portaria (a portaria deveria abrir as 8 h).
O guarda-parque estava alertando a todos que o sol estava forte, mas que a noite a temperatura caia muito fazendo, inclusive, temperaturas negativas.

Começamos a caminhada com temperatura baixa, por isso não dispensamos os casacos, apesar de saber que em pouco tempo iriamos tirá-los.



Como o tempo estava MUITO seco, quando chegamos ao Véu da Noiva (nossa primeira parada), descobrimos que ela estava seca, sem água.



Pausa para fotos, água e um pequeno descanso. Seguimos a diante.
A umidade relativa nesta ocasião estava perto dos 20%, o que dificultou muito nossa subida. Porém, como sempre gostamos de fazer, esquecemos o relógio e nos concentramos nas paisagens.



É uma trilha longa e cansativa. No início bastante íngreme e devido ao chão coberto de pedras (algumas soltas) cansa muito mais, principalmente porque, o corpo ainda esta frio.
A partir do Véu da Noiva ela começa a " ziguezaguear" e se torna um pouco mais amena.



A trilha foi linda: céu aberto, sem vento. Porém, nosso grande inimigo foi a baixa umidade do ar, que secava a garganta e quase acabou com nossas reservas de água, uma vez que não conseguimos água na nossa primeira parada.



A partir do Papagaio tivemos que racionar um pouco mais a água pois sabíamos que só a encontraríamos no Abrigo 4... Torcíamos para que lá a fonte não estivesse seca.
Então, continuamos a trilha rumo ao Abrigo 4.

 

A essa altura o sol já castigava forte. Sorte nossa que logo após o Papagaio, o caminho que vai pela face leste da montanha muda o curso, contornando-a pela face oeste, o que torna a trilha um pouco mais úmida e fechada, com bastante vegetação. E foi isso que aliviou um pouco mais o calor e saber que estávamos próximos do nosso destino.

Já próximo ao Abrigo, na parte alagada da trilha (por volta das 14 h) tivemos uma prévia do que nos aguardava a noite.



Ao chegar no Abrigo 4 (com quase 6 h de trilha percorrida) nos deparamos com mais de 20 barracas. Por isso decidimos seguir a trilha em direção ao Pico e montar acampamento em outro local mais a frente.
Enquanto o sol se despedia, o frio e o vento davam as boas vindas. Montamos rapidamente nossa barraca.





Por volta das 20 h começou a ventar muito.
As 20:30 h o vento estava insuportável, a ponto de não conseguirmos acender o fogareiro para fazermos o jantar. Tivemos que comer Miojo "meio cru, meio cozido". Com a fome que estávamos, o "biscoito" de Miojo caiu muito bem.

Conforme o tempo passava o vento aumentava sua intensidade e com ele, o frio. Passamos uma madrugada de vento muito forte e muito frio. A 1.680 metros de altura a temperatura cai absurdamente. Usamos todas as meias e camisas que tinhamos a disposição.
No dia seguinte, ficamos sabendo que os termômetros registraram -1.8º C.
Foi Foda!

Sábado


Para nossa surpresa, o dia nasceu simplesmente maravilhoso. Sem nuvens e, principalmente, sem vento...
Subimos ao Sino as 6 h para ver o nascer do sol. Uma caracteristica interessante é que nesta época do ano o sol nasce por trás dos Três Picos (Nova Friburgo) o que dá um charme a mais.



 







Passamos a manhã e a tarde pela Pedra do Altar e pela Pedra da Baleia:









Ao anoitecer decidimos garantir logo nosso jantar. Ficamos com medo que aquela ventania da noite anterior resolvesse nos visitar novamente, rs.
Subimos mais uma vez ao Sino para ver o pôr-do-sol e o nascer da lua. É de fato um espetáculo fabuloso. Lamentamos que nossa máquina não possuisse objetiva pois a lua estava estrondosa.




Domingo

Acordamos por volta das 7:30 h e após um bom café da manhã desmontamos acampamento e começamos a descer, já com muita saudade, pois o local é fascinante.
Chegamos a portaria do parque com 3:15 h de caminhada, pagamos a segunda pernoite e voltamos pro Rio com a certeza de que voltaremos lá outras vezes.




Dicas e Curiosidades:

* Se você pensa em passar mais de uma noite no parque (como nós fizemos) pense duas vezes. A portaria é extremamente desorganizada e tem ordens de, em alta temporada, só permitir uma pernoite. O problema é que não há esse aviso em lugar algum, e ninguém responde aos inúmeros e-mails mandados à administração do Parque. Na portaria, chegou-se ao ponte de sugerir que subíssemos na sexta, descessemos no sábado para pagar mais uma pernoite e subíssemos novamente. rs (parece piada mas não é).

* Não esqueça de levar Clor-in. A água é de uma fonte mas não custa se prevenir.

* Faz frio o ano inteiro, principalmente a noite. Não esqueça isolante térmico, o saco de dormir e agasalhos.

* Faça o monitoramento da previsão do tempo no local para não ser pego desprevenido por alguma tempestade etc

* Não é permitido o acampamento no topo da pedra. Os guarda-parques costumam subir a noite para verificar. Se te pegarem, mandam descer

* Protetor solar é indispensável

* Cuidado ao explorar o local. É cheio de pedras sobrepostas e com a vegetação acaba escondendo fendas de mais de 20 metros, principalmente na base da pedra.

Trekking no Pico da Bandeira - Julho 2009



Alto Caparaó - Minas Gerais



Quinta-Feira


Saimos do Rio de Janeiro às 13:30 h, rumo a BR-040 em direção a Petropolis e, logo após a Casa do Alemão, seguimos pela BR-116 (direção Teresópolis).
Dia bonito, céu claro e temperatura amena: tudo a nosso favor!

Fizemos uma parada no alto da serra de Teresópolis, onde nos abastecemos de algumas
guloseimas para seguir viagem.
Com os estômagos "forrados" e uma vista exuberante do Dedo de Deus ao fundo, seguimos na mesma BR-116, agora em direção a Além Paraíba.

Neste trecho perdemos algum tempo devido a obras na pista. A estrada estava relativamente boa e o único contratempo é que se trafega o tempo todo em mão dupla e se você pega um caminhão na frente fica difícil a ultrapassagem (a estrada é muito sinuosa).

Continuamos na BR-116, inclusive após o pedágio. Passamos por Leooldina, Laranjal, Muriaé e Miradouro, sempre em mão dupla.
Nossa segunda parada foi em Miradouro, no Posto F2, para um cafezinho revigorante antes de seguir para Alto Caparaó. O café é quentinho e o pessoal é muito simpático.

Seguimos, então, em direção a Fervedouro e, neste trecho, a estrada apresentava muitas falhas no asfalto e como já estava escuro, resolvemos tirar um pouco o pé do acelerador para evitarmos contra-tempos.

Em Fervedouro saimos da BR-116 e entramos na BR-482 em direção a Carangola. Somente na volta conseguimos perceber como é bonita a paisagem, pois na ida, já estava escuro. A estrada margeia um rio (não sabemos o nome) que oferece várias quedas d'água, formando lagos e cachoeiras a todo momento e é bem ao lado da estrada. É lindo!

Mais a frente há um trevo (em frente ao Posto de combustivel Shell). Neste trevo, entramos a esquerda, em direção a Espera Feliz /Alto Jequitibá. Lá chegando (novamente a esquerda) entramos em direção a Alto Caparáo, nosso destino final. É uma serra bonita e cheia de curvas que também sofre com nevoeiros frequentemente.
Chegamos às 21:30 h.

Fomos direto para a pousada do Rui, onde já haviamos feito reserva, e lá fomos recebidos

pela Hilsa, que "passou um cafezinho" na hora para nos aquecer um pouco. Neste momento já fazia bastante frio.
A esta hora a fome já nos rondava e fomos a cidade procurar onde fazer uma refeição, pois em plena quinta-feira, às 22 h, já esta quase tudo fechado. A salvação foi uma pizzaria em frente a praça, a Estorino's (também conhecida como Barraco Pintado) onde conhecemos o proprietário o Sr. Renato. Paulista, corintiano "
roxo" e muito simpático.
Com a conversa descobrimos que ele possui uma pick-up 4x4 que leva grupos até o primeiro acampamento do Parque, conhecido como Tronqueira. Combinamos, então, que subiríamos com ele no dia seguinte.
Depois de muita pizza e muita conversa, voltamos a pousada para nosso descanso merecido.


Sexta-feira


Acordamos cedo e logo descemos para o café da manhã. Nos despedimos do Rui e da Hilsa e fomos nos encontrar com o Renato na portaria do Parque. Ele já nos aguardava. Pagamos a estadia e logo a pick-up fez roncar seu forte motor 4x4.









Ao longo do caminho, Renato ia nos dando boas dicas e nos
mostrando vários lugares bonitos, como o Vale Verde (conhecido como Farofa), o Mirante e a Cachoeira Bonita.















Essa cachoeira possui uma queda de mais de 80 metros que forma um lago muito lindo mas, com água quase congelante. Nos limitamos a tirar fotos. Subimos mais...

Na chegada a Tronqueira fomos recepcionados por um bando de quatis que, sempre famintos, quase pulam no seu colo ao ouvirem o barulho de algum saco de biscoito.


Cuidado, eles pulam mesmo. Há relatos de quatis roubando e comendo sabonete. Também existem informações que eles já sabem até abrir barracas. E se for deixada comida lá dentro, cubra bem pois, se eles sentirem o cheiro, rasgam a barraca para comer o que foi deixado.


Começamos a subida as 11:30 h e como é de nossa filosofia, não nos preocupamos com tempo de trilha, apenas em aproveita-la ao máximo. É muito bem sinalizada com marcos amarelos e marcos trigonometricos. Muito dificil se perder.
Logo no início fica o Vale Encantado onde a água esculpiu piscinas nas rochas, formando as "panelas", ótimas para um banho, mas com água muito gelada.
Há um riacho que margeia toda a trilha e vez por outra forma pequenas e belas quedas d'áqua com lindos lagos.


É uma trilha muito aberta e pouco abrigada. Por isso o sol esquenta mesmo. Subimos com uma camiseta e um casaco, sempre a mão. Poucas vezes caminhamos em terra batida. É quase sempre pedra e cascalho. Por isso, 2 ou 3 pares de meias e uma bota confortável vão muito bem.



Percorremos os 4 km e meio até o Terreirão em pouco mais de 3 horas e meia, com muitas paradas para água, bate-papo e fotos. Muitas pessoas alugam mulas para levarem seus equipamentos e subirem leves, facilitando a trilha. Também não faz parte de nossa filosofia.
A chegada ao Terreirão é gratificante. O terreno é grande e cabe mais de 100 barracas, mas a estrutura não absorve essa quantidade de pessoas e a falta de educação delas.
Existem banheiros masculino e feminino com água congelante e são imundos! Achamos que as pessoas não sabem como utilizar o vaso sanitário. Deveriam distribuir panfletos ensinando a usa-los.

Montamos as barracas e fizemos um "miojo" que, pela fome que estavamos, parecia uma bela macarronada. Com o sol se pondo, logo o frio se intensificou e foi então que apareceram gorros, luvas etc.
Com a noite começaram a chegar mais trilheiros e as barracas "brotaram" do chão. Quando chegamos contamos umas 10 barracas, mas a noite já haviam mais de 30. Existe uma peculiaridade nesta trilha: como a portaria do Parque fecha as 22 h, o pessoal começa a subi-la por volta das 21:30 h pra ir direto ao Pico e ver o sol nascer. A concentração se dá no Terreirão, e o resultado disso é: o local de camping vira um inferno. Não dá para dormir, pois fomos acordados por volta das 2:30 h com uma gritaria, uma algazarra... Nunca passamos por algo assim. O pior, é que essas pessoas que não respeitam ninguém, se intitulam trilheiros.
Os guarda-parques (se é que estavam lá) nem sairam do seu abrigo. Aliás, somente vimos um deles na noite de sábado.


Sábado

Acordamos as 6:30 h com muito frio. A noite, além de ter sido péssima devido aos mal educados que passaram como uma "revoada de hipopótamos", lutamos contra um frio intenso. Apesar de preparados sentimos muito frio a noite.
O resultado foi a barraca coberta de gelo e a grama branca com a geada.


Descobrimos que os termômetros registraram menos 3,8º C.
Que friaca!!!
Imaginamos o que os "hipopótamos" sofreram para ver o sol raiando no Pico.
Enquanto praparavamos o café, as pessoas lutavam para aquecer os dedos das mãos e dos pés, que já estavam roxos.

Começamos os últimos 4,5 km, que nos separavam do Pico da Bandeira, as 9 da manhã. A trilha é bem marcada, íngreme e sempre com rochas e cascalhos, mas o visual é lindo. Existe água potável na base do Pico, onde recarregamos os cantis e continuamos a subir.


Levamos lanches e casacos pois lá em cima ventava bastante.

A última parte da trilha é, sem dúvida, a pior. Passamos por um belo vale e avistamos o Pico a nossa frente. É ai que começa o perrengue!
A subida é bem puxada e exige muito preparo pois o desgaste é enorme. Somando-se a isso o ar rarefeito já faz seus estragos. Como estamos acostumados, inconscientemente, forçamos um pouco mais e o resultado, foi dor de cabeça, cansaço e respiração ofegante. Não menospreze o ar rarefeito da altitude.
Já a uns 50 mtros do Pico há uma bifurcação na trilha. A direita o Pico do Calçado e a esquerda o da Bandeira, com seus majestosos 2.889,80 metros.
Pegamos o caminho da esquerda e... Chegamos!
O visual é "desbundante"! Melhor nem escrever, as fotos falem por si.





Como já estava tarde e não tínhamos levado lanterna, resolvemos não atacar o Calçado e voltamos para o Terreirão. Logo acendemos o fogareiro e desta vez, o cardápio escolhido foi macarrão à carbonara. Claro, da Knorr. Rs


Assistimos ao pôr-do-sol em cima da Casa Queimada e foi então que nos deparamos com 72 barracas contadas.

 
À noite não parava de chegar gente. Sem contar a quantidade de lanternas subindo a trilha. Realmente, nesta noite, o Terreirão virou uma filial do inferno: gente mal educada, gritaria, sujeira pelo chão.
Garrafas de refrigerante, cachaça, conhaque, sacos de biscoito, restos de comida, além de muita droga, circulavam livremente entre as pessoas que estavam acampadas.
Mas a experiência de ter subido ao Pico da Bandeira foi tão maravilhosa que tudo isso quase passou em branco.


Domingo

Acordamos as 6:30 h e tomamos logo café. Desmontamos as barracas, arrumamos as mochilas e começamos a descida as 8 h em ponto.


A descida foi tranquila e chegamos a Tronqueira as 9:50 h.
Já tínhamos combinado o horário com o Renato e lá estava ele nos esperando para nos levar até o Estorino's para fazermos uma boquinha antes de voltarmos pro Rio. Lá a Mari (esposa) e o Rodrigo (filho) estavam nos esperando com um verdadeiro feijão a bahiana. Delicioso!


Ainda passamos numa lojinha para comprar lembrancinhas antes de pegar a estrada.


Troxemos em nossa bagagem além de roupas e cansaço, muitas lembranças.
O lugar é lindo e ficamos com a sensação de que precisávamos de mais tempo.
Mais uma trilha e mais pessoas boas ao nosso redor.

Lugarzinho gostoso esse tal de Alto Caparó. Certamente voltaremos.


Dicas e Curiosidades


* A cidade do Alto Caparaó tem aproximadamente 5 mil habitantes. Segundo a Mari (do Estorino's) é a cidade que possui mais igrejas por habitantes. Sendo, na sua maioria, evangélicas.

* A melhor época para visitar é de junho a agosto, quando o tempo é mais seco porém, é muito frio. Não arrisque subir sem roupas apropriadas. As temperaturas rondam 0º C e temperaturas negativas são comuns.

* Vale a pena contratar um jipeiro para chegar a Tronqueira. Se aproveita muito mais a vista e não força os freios do carro na descida.

* Aproveite e já reserve tambem uma comidinha para a descida, pois a volta é cansativa.

* Como a trilha é muito aberta, suba com roupas leves, mas deixe o casaco a mão.

* Leve filtro solar. Muito!

* Existe água em toda a trilha, mas não esqueça o Clorin.

* Na portaria do Parque é feita uma revista nas bagagens. Álcool é proibido, mas como percebemos sobe de tudo lá pra cima: drogas, álcool e "porcos".

* Não esqueça das sandália de borracha para a hora do banho, pois o chão do banheiro é imundo.

* É preciso fazer reserva antecipada para a trilha.
Não arrisque, se seu nome não estiver na lista, não é permitida a entrada.


Contatos e Agradecimentos

* Pizzaria Estorino's (Barraco Pintado)
Praça da Matriz 117 - Alto Caparaó - MG
Tel.: (32)3747-2858 / (32)8426-3574 - Renato ou Mari

* Pousada do Rui
Tel: (32)3742-2691

* Parque Nacional do Caparaó-IBAMA
Tel.: (32)3747-2555
http://www.icmbio.gov.br/parna_caparao

Entrada: 3 reais
Pernoite: 6 reais

Altitudes:
* Pico do Calçado - 2.766 m
* Pico do Cristal - 2.798 m
* Pico da Bandeira - 2.890 m